Instrumento para planejar ações futuras no transporte sobre trilhos, a pesquisa Melhor Viagem começou no dia 22 de setembro e está sendo encerrada neste mês com 15 mil passageiros
entrevistados. O levantamento da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM)
abrange as seis linhas e as 92 estações, para entender em detalhes os deslocamentos dos 3 milhões de passageiros transportados diariamente. Para o gerente de planejamento de transporte da CPTM, Luciano Luz, a participação dos usuários de transporte na pesquisa é essencial.
“A pesquisa é a principal fonte de informação para entender as necessidades dos usuários”, enfatiza Luz. “Pedimos a participação de todos, para planejar de forma harmônica os serviços, trens, linhas e projetos de expansão. Com os dados organizados e analisados podemos projetar como se comportarão os passageiros daqui a dez anos, vinte anos,” acrescenta.
Com um tablet na mão, Hélio Nístico percorria a plataforma da Estação Osasco, no dia 19, para saber como a pessoa chegava ao local, qual o seu percurso no trem, tempo de deslocamento, motivo da viagem e como alcançaria o destino final, entre outras questões. “A escolha é aleatória, mas a pessoa precisa usar o trem pelo menos três vezes por semana. O questionário
é rápido, uns três minutos”, explica o pesquisador que está identificado. Também há aviso sonoro na estação solicitando a colaboração na pesquisa “para melhorar a sua viagem”.
Deslocamentos – “Não basta mais saber onde a pessoa embarca e desembarca porque queremos oferecer serviço que atenda à maioria, mas incluindo necessidades diferenciadas. Sabemos que o usuário da zona leste não é o mesmo da zona oeste”, exemplifica o gerente. “Onde a pessoa mora, a faixa de renda familiar, se está empregada ou não, são dados importantes porque influenciam na decisão de se deslocar nos transportes públicos. Até
o momento econômico altera o perfil dos passageiros.”
Moradora de Vila dos Remédios, Gabriela Souza seguia rumo ao Largo Treze de Maio a trabalho. Tinha usado ônibus para chegar à Estação Osasco (Linha 9-Esmeralda); depois de sair do trem,
seguiria pelo Metrô (Linha 5-Lilás); e chegaria a pé ao destino. “É assim todo dia, mas nesse horário (11 horas) é tranquilo e tem ar-condicionado. Só o tempo de espera pelo trem poderia ser menor”. Esquema semelhante de deslocamento é seguido por Sheila Salvatierra, que mora
em Munhoz Jr. (Osasco) e trabalha no Morumbi (zona sul da capital).
“É ônibus, trem e caminhada de cinco minutos, de segunda a sábado. Durante a semana é tranquilo; gasto uns 40 minutos, mas no sábado à noite é complicado voltar para casa”, relata
Sheila. “A diversidade de origens de embarque e o percurso longo são características das viagens pelos trens da CPTM”, pontua o gerente. “Em média, o passageiro percorre 40 quilômetros em
40 minutos e passa por cinco, seis cidades. Lidamos com diferentes realidades e temos de dialogar com cada prefeito para fazer mudanças,” complementa.
Planejamento – Um ponto crí tico na movimentação dos usuários pelos trilhos da CPTM, empresa vinculada à Secretaria de Transportes Metropolitanos, é a concentração de destinos, informa o gerente. “Quase 50% dos destinos dos usuários estão em quatro estações: Barra Funda, Luz, Brás e Pinheiros.” Gabriela e Sheila mencionam outro desafio, a redução de intervalo entre os trens. O gerente informa que o passageiro não precisa esperar a pesquisa para
“dar sua opinião ou sugestões, fazer solicitações ou reclamações ou opinar pelo serviço de atendimento ao usuário ou pela ouvidoria.”
A incorporação de tecnologias no transporte público é, informa Luz, uma solicitação que está em atendimento. “A CPTM passou a usar as redes sociais atendendo à demanda dos usuários. Há pesquisas para incluir mais tecnologias de comunicação entre a empresa e os passageiros”. Outra pesquisa, ainda em estudo de viabilidade, é questionar o usuário sobre a oferta de produtos e serviços nas estações. “Além de meio de transporte, a CPTM quer ser útil às pessoas.”
O produto final das informações coletadas na pesquisa Melhor viagem dará origem a um banco de dados com informações organizadas e analisadas. A previsão é de que esteja pronto em janeiro e seja comparado com as séries históricas e com a pesquisa Origem/Destino do Metrô de São Paulo. Desde 2001, a CPTM faz essa pesquisa, relembra Luz. “Ao comparar novos dados com as séries históricas, surgem também novos temas e abordagens”, finaliza.
Claudeci Martins
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
DOE – Seção I, p. IV