Os veículos aéreos não tripulados (os vants) são a nova ferramenta para auxiliar o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado no combate a incêndios e outras ocorrências na cidade de São Paulo.
Desde setembro do ano passado, quando entraram em ação, as duas aeronaves usadas pela corporação atuaram em grandes operações, como a do soterramento em Mairiporã, no dia 11 de março deste ano. Na ocorrência, duas casas desabaram, e deixaram três mortos e três feridos.
O capitão PM Robson Dias Pereira, subcomandante da Força– Tarefa do Corpo de Bombeiros, afirma que a utilização do equipamento, popularmente conhecido como drone, facilita o trabalho porque ele permite o acompanhamento aéreo da ocorrência. “Há a possibilidade, com a captação das imagens, de verificar os riscos potenciais aos profissionais que trabalham na operação. Ele também permite observar as áreas que poderão ser afetadas.”
No caso do soterramento em Mairiporã, foi possível fazer a melhor distribuição dos bombeiros e obter a identificação dos pontos de prováveis soterramentos.
De acordo com o capitão PM Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, o uso do vant nessa ocorrência foi fundamental, pois “havia a instabilidade causada pelo deslizamento de terra, o que impedia o acesso à casa atingida. Com o equipamento, conseguimos verificar a situação do terreno com precisão e até localizar uma vítima entre os escombros”.
Normas – A força-tarefa que utiliza o equipamento está dividida em três turmas. Elas trabalham em escala de revezamento de 24 horas por 48 horas. “Em cada uma, há um especialista (o operador) e um auxiliar”, informa o capitão PM Robson. A autonomia de voo do vant é de 20 minutos. As imagens são transmitidas para um computador e compartilhadas com o comando por meio do Dropbox, serviço de armazenamento em nuvem, muito popular entre os usuários pois oferece diversos recursos on-line.
“Dessa maneira, geramos relatórios para o comando com mais agilidade. Além disso, não podemos invadir o espaço aéreo. O vant pode voar a até 30 metros de altura em área isolada, onde somente os bombeiros estejam atuando, durante uma ocorrência. Acima dessa altitude, há necessidade de solicitar autorização ao Departamento do Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da Força Aérea Brasileira que regulamenta o uso da ferramenta.
No caso de sua utilização pelos bombeiros, a Força Aérea Brasileira flexibilizou as regras publicadas no ano passado, pois o voo do drone somente é autorizado com comunicação prévia. Incêndios, deslizamentos e enchentes são ocorrências imprevisíveis e, por isso, a FAB autoriza seu uso pela corporação sem haver a comunicação com antecedência.
Alemoa – Para auxiliar os bombeiros no combate ao incêndio ocorrido em 2 de abril do ano passado no complexo industrial do bairro da Alemoa, em Santos, foi utilizado um vant. Ele identificou os focos de fogo. “Na ocasião, o aparelho foi alugado pela prefeitura de Santos. Sem ele, teríamos dificuldade ainda maior para debelar o incêndio, que durou nove dias e exigiu o trabalho de cerca de mil profissionais da corporação”, finaliza o capitão PM Robson.
DOE, Executivo I, 13/12/2016, p. II