Bombeiros orientam como evitar acidentes durante as férias

Durante o período de férias escolares, quando as crianças têm tempo livre para se divertir e descansar, os pais devem redobrar os cuidados para evitar acidentes domésticos. No ano passado, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo registrou 2,8 mil ocorrências com fogo por vazamento de gás de cozinha, 8.019 casos de queda de pessoas e 10 mil incêndios nas residências provocados por curto-circuito.

O chefe de Comunicação Social da corporação, capitão PM Marcos das Neves Palumbo, lembra que materiais de limpeza e medicamentos devem ser guardados em local trancado, longe do alcance das crianças. Dessa forma, evita-se intoxicação por remédios e produtos químicos. “Desinfetante de cor vermelha, por exemplo, chama a atenção dos pequenos, que podem querer usá-lo para passar na pele ou mesmo brincar”, adverte.

Cozinhar com o cabo da panela virado para fora do fogão é um perigo. “Se a mãe estiver preparando um alimento com o bebê no colo, o cabo pode enroscar na roupa, virar o líquido quente e provocar queimadura no rosto ou no corpo do pequeno”, alerta o capitão.

Gás – Ainda na cozinha, ele recomenda verificar se há vazamento de gás e aconselha verificar três peças: o regulador de pressão, a abraçaceira (serve para fixar a mangueira no fogão e no regulador de pressão de gás do botijão) e a mangueira. Esses três itens devem ser trocados a cada cinco anos, conforme o prazo de validade indicado pelo fabricante.

Para facilitar o equilíbrio e evitar que pessoas de qualquer idade (em especial crianças e idosos) escorreguem e caiam nas escadas, é imprescindível a instalação de corrimão. “Na semana passada atendemos a uma ocorrência em Parelheiros, zona sul da capital paulista. A pessoa se desequilibrou enquanto descia a escada e sofreu lesão gravíssima, parada respiratória e precisou ser transportada de helicóptero para o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)”, conta.

Outra recomendação importante é instalar um portão no acesso à escada para evitar quedas. O capitão PM Palumbo sugere colar fita adesiva antiderrapante em cada degrau para oferecer mais uma opção de apoio às pessoas, protegendo-as de escorregões. Tapetes devem ser removidos de todas as áreas de convivência da casa.

Eletricidade – Quando há idosos, o banheiro deve ser bem iluminado. No quarto, é importante instalar telefone próximo à cama para chamadas em eventual situação de socorro. Grade e tela na janela são fundamentais para a segurança de crianças.

A manutenção do circuito elétrico é outro assunto que merece destaque. “Ao adquirir equipamentos modernos, como cafeteira expressa, por exemplo, se a parte elétrica da residência estiver há mais de dez anos sem renovação, não haverá tomada para a potência de energia exigida por esse equipamento”, observa o capitão. Ferro de passar, secadora de roupa e chuveiro também exigem circuito elétrico adaptado à quantidade de energia a ser utilizada.

“Caso sejam usados equipamentos como tevê, home theater, tevê a cabo e aparelho de DVD conectados a um benjamim, haverá consumo excessivo de energia. A fiação não vai suportar a carga necessária e há risco de incêndio. É muito comum o Corpo de Bombeiros atender a chamados com esse tipo de ocorrência”, alerta.

Ao ligar, por exemplo, o micro-ondas e o chuveiro ao mesmo tempo, “se houver diminuição da intensidade da iluminação da casa, é sinal de que há algo errado no circuito elétrico”. Nesse caso, um eletricista deve adequar o disjuntor e a fiação. Problema no circuito elétrico é a principal causa de incêndio em residências por causa da utilização de muitos equipamentos ligados na mesma tomada.

Acidentes – Nessa época do ano, são promovidas as chamadas festas julinas. Embora a legislação brasileira autorize o contato dos pequenos com biribinhas e bombinhas de traque, é imprescindível que eles brinquem somente com a supervisão de adultos. “Sozinhos, poderão colocar esses artefatos na boca, no ouvido ou até mesmo provocar incêndio”, avisa o capitão PM Palumbo.

Bombas e fogos de artifício podem ser vendidos e manuseados por adultos, que têm de seguir as instruções de uso. A bateria de fogo, por sua vez, deve ser adquirida somente por engenheiro de segurança do trabalho e outros profissionais. Eles se responsabilizam pelo manuseio da bateria de fogo para montagem da queima de fogos sincronizados, usados em datas festivas.

Quem pretende viajar nas férias escolares deve continuar atento fora de casa. Donos de pousada ou de fazenda precisam dificultar a chegada de crianças à piscina com o uso de grade ou trancando a porta ou portão de acesso. “Caso a criança se veja livre nesse novo ambiente, vai querer entrar para conhecer a piscina, o que pode significar risco de afogamento.”

Manter boias flutuantes próximas da água facilita o resgate. “A pessoa inexperiente ou sem treinamento aquático não deve tentar salvar uma vítima de afogamento. Recentemente, atendemos a uma ocorrência numa represa de Santo André, no ABC Paulista. Uma criança se afogou e seus três irmãos, que não sabiam nadar, tentaram salvá-la. Sem sucesso. Os quatro vieram a morrer”, lamenta o capitão.

Emergências – O oficial informa que, no ano passado, houve 260 mil ocorrências de incêndio, resgate e salvamento atendidas pelo Corpo de Bombeiros, que ainda prestou socorro a 236 mil pessoas. Foram registradas 3.293 vítimas salvas de afogamento na orla marítima paulista e 69 mortes. “Realizamos 2 mil ocorrências por dia no Estado de São Paulo, o que representa uma pessoa socorrida a cada dois minutos e 22 segundos”, calcula o oficial.

Em caso de emergência, 24 horas por dia, ligue 193 ou 190 para acionar, respectivamente, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, em qualquer região do Estado de São Paulo. Transmita ao atendente as informações completas e corretas da ocorrência.

Quando a ocorrência é de acidente de trânsito, a orientação é conversar com a vítima e verificar se ela está consciente: “É importante não mexer no acidentado, pois se ele sofreu uma fratura na perna, por exemplo, quem provoca um movimento errado pode agravar a fratura e piorar outras lesões”, alerta. No ano passado, o Corpo de Bombeiros computou 35.396 atendimentos a casos de acidentes de trânsito na capital paulista, sendo 7.880 com motociclistas.

DOE, Executivo I, 19/07/2016, p. IV