Cresce procura por RG para bebês no Poupatempo

Não há como resistir às doses de simpatia e encanto que os pequeninos despertam ao chegar ao Poupatempo Itaquera, geralmente carregados no colo da mãe ou do pai, para requerer o RG (carteira de identidade), serviço cada vez mais requisitado nas unidades. É um corre-corre, seguido de muitas exclamações, da parte dos funcionários: “Olha que fofa! Lindo! Que graça!”

Os atendentes estão acostumados com essas cenas, corriqueiras na unidade, que é considerada o maior posto da América Latina (11 mil metros quadrados), por onde circulam, diariamente, 13 mil pessoas, e são emitidas, por mês, 4,2 mil carteiras de identidade para crianças.

Muitos funcionários aprenderam a contornar problemas que costumam surgir na hora de atender os pequenos, como, por exemplo, quando os técnicos usam luvas para fazer a coleta biométrica. “A impressão que dá é que eles pensam que vão tomar vacina”, conta Zulene Chagas Rodrigues Aguirre, assistente administrativa no Poupatempo Itaquera.

Alguns querem mesmo é ver os polegares sujos de tinta, como Emanuel Leite de Moraes, 5 anos, que, segundo a mãe Jaciane Souza Leite de Moraes, aguardava o momento com ansiedade.

Nota 10 – Uma vez feito o procedimento, o garoto diz que vai contar a novidade na escola para que todos saibam que ele agora tem RG igual ao de adulto. Com as mãos livres da tinta, abre um largo sorriso. A mãe, moradora de Guaianases, também comemorou: “Agora vamos preservar a certidão de nascimento e utilizar o novo documento, que terá sua estreia na viagem que faremos a Águas de Lindoia neste final de semana”.

Com a filha pequena no colo, Jéssica Gomes da Silva, de São Matheus, lembra que procurou o Poupatempo por precaução. Sem se dar conta, a certidão de Alice da Silva Leite, de um ano e cinco meses, foi parar na máquina de lavar roupas. “Ficou danificada, por isso vim em busca do RG, na verdade é mais prático e fácil de carregar na carteira. Sem contar que substitui a certidão de nascimento no caso de viagens e de abertura de conta de poupança. Achei nota 10 o serviço”, comenta, enquanto a filhinha Alice, cheia de charme, distribui tchaus e beijos ao pessoal do atendimento.

Números – Zulene, dois filhos, lembra da “saia justa” enfrentada, quando levou o filho mais velho, Leonardo, hoje com 20 anos, a uma viagem para Águas de São Pedro. “Ele tinha um aninho, e eu era mamãe de primeira viagem. Na porta do ônibus, de cara o motorista me interpelou: ‘Cadê o documento do bebê? Respondi: Não tenho. ‘Sinto muito, mas não posso deixar você entrar’. Ainda por cima, veio outra lição: ‘Imagina se é outra pessoa carregando seu filho e eu deixo que ela embarque?’”

O imprevisto marcou Zulene. “Depois disso, fiquei atenta, e fui correndo providenciar o documento do Leonardo. O mesmo ocorreu com Guilherme, hoje com 13 anos, que teve o RG mais cedo do que o mais velho.” Números oficiais do Poupatempo, divulgados recentemente, indicam que, somente no Estado de São Paulo, 187,1 mil bebês de até 3 anos tiraram o documento de janeiro a dezembro do ano passado. Em 2013, houve 156,8 mil emissões na mesma faixa etária. De janeiro a maio deste ano, mais de 95,2 mil crianças com idade abaixo de 3 anos já estão com o primeiro RG.

Demanda – Do total de mais de 439 mil crianças que tiraram o documento desde janeiro de 2013, 166,4 mil tinham menos de 1 ano de idade quando foram levadas pelos pais a um dos postos do Poupatempo. O primeiro RG é gratuito, por lei, e tem validade por 18 anos. Na hora de tirar o segundo RG, atualizado, é cobrada taxa de R$ 31,88.

Segundo a gerente dos postos Poupatempo Sé e Luz, Cândida Rocha Schwenck, o serviço direcionado para crianças é oferecido desde a inauguração. “De uns tempos para cá, a procura aumentou em função de muita demanda. Por exemplo, a Secretaria da Educação passou a pedir o RG no ato da matrícula; o documento é solicitado nas consultas médicas e em viagens, substituindo, com vantagens, a certidão de nascimento, que sofre mais com a ação do tempo. O RG, com foto e impressão digital, é mais fácil de portar, além de deixar crianças e pais superorgulhosos. A criança passa a ser cidadã”, comenta.

Como as digitais ainda não estão totalmente definidas no caso dos bebês, apenas as impressões dos polegares são documentadas na carteira de crianças de até cinco anos. No espaço para assinatura, a identidade dos bebês traz o aviso de que o portador está “impossibilitado de assinar”.

DOE, Executivo II, 26/06/2015, p. I