Antes de fazer as malas para aproveitar as férias escolares de julho, o Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), recomenda ao viajante a vacinação contra algumas doenças com registro no local a ser visitado.
Muitos turistas esquecem que algumas vacinas, como, por exemplo, a de imunização contra a febre amarela, são obrigatórias em diversos destinos, nacionais e internacionais. Por isso, o viajante precisa levar o documento comprovando a imunização (com a validade da substância expressa no documento) na bagagem.
No ambulatório, o viajante é vacinado gratuitamente após passar por consulta individual e assistir à palestra (oferecida por médicos) com informações essenciais sobre as doenças do país a ser visitado e os cuidados necessários durante o passeio, informa a infectologista Karina T. Miyaji. A primeira providência é agendar horário (ver serviço) e informar o nome, telefone e destino. “São dados úteis para prepararmos as palestras.”
No dia agendado, a infectologista pede para o interessado levar a carteira de vacinação, resultados de exames médicos e receitas de medicação. No local, o viajante preenche questionário com informações pessoais, da região a ser visitada, tempo de permanência e atividades que fará no local. “Isso é essencial para sabermos dos riscos da viagem e orientá-lo corretamente”, frisa Karina.
Pré-viagem – Na consulta individual, o médico esclarece dúvidas, indica vacinas e confere a carteira de vacinação. “É diferente uma pessoa ir estudar macacos numa floresta de outra que vai apenas visitar locais turísticos, na cidade. Dependendo do caso, indicamos vacinas extras”, pontua. “Se faltar alguma vacina na carteirinha, mesmo não estando relacionada à viagem, aplicamos também”, complementa.
As vacinas contra sarampo e poliomielite têm exigido cuidado redobrado. “O Brasil não apresenta circulação endêmica do vírus do sarampo, mas brasileiros viajaram para o exterior e o trouxeram de volta. Por isso, recomendamos a vacina para quem tem de 1 a 59 anos de idade. A proteção começa 15 dias após a aplicação”, reforça a especialista.
Em 2014, um surto de sarampo registrado no Ceará se estendeu para toda a Região Nordeste e foram registrados seis casos em São Paulo, relata Karina. Há risco de transmissão de sarampo nos Estados Unidos, em países da Europa (França, Alemanha e Inglaterra), na Ásia e na África. “A melhor forma de prevenção é a vacina, eficaz em até 99% dos casos imunizados e com a vantagem de ser tríplice viral e proteger contra sarampo, caxumba e rubéola”, esclarece.
Antecedência – “Embora o vírus da pólio não circule mais no País, indicamos doses de reforço dependendo do local a ser visitado”, afirma a médica. Essa foi uma das quatro vacinas que Thais Madoglio Sultani tomou no ambulatório antes de seguir viagem para Israel, Egito, Roma e Grécia (a partir de 11 de julho). A antecedência de 90 dias antes do embarque para a imunização, observada pela jovem, é a recomendada para proteção contra doenças.
Acompanhada da mãe Ivani Lúcia Sultani, Thais recebeu reforço das vacinas contra hepatite B e sarampo. “Estava com a carteirinha desatualizada.” A mãe também foi imunizada igualmente. “Ficamos sabendo que há um surto de pólio no Egito”, diz Ivani. Somente a filha recebeu a dose contra a febre amarela (exigência dos locais a serem visitados), que começa a ter eficácia após 10 dias e protege durante 10 anos. Ivani elogia o atendimento recebido no ambulatório. “É um serviço rápido e eficaz. Os funcionários são excelentes.”
Alertas – Outras vacinas recomendadas são contra a difteria-tétano, cuja dose de reforço dupla adulto deve ser tomada a cada 10 anos, e a da gripe (Influenza). Por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina contra Influenza contém o vírus do H1N1 (desde 2010) e de outras cepas de vírus indicadas para a região (com troca anual de cepas) e é essencial para o viajante que se dirige a destinos com temperaturas baixas, explica a infectologista. “A pessoa toma apenas uma dose, e o período para fazer efeito é de 15 dias.”
A médica também alerta sobre a dengue, chikungunya e zika – doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Com sintomas (febre alta, dor de cabeça e no corpo e calafrios) e cuidados semelhantes, elas podem ser graves. “Para se proteger da picada, é importante passar repelente, usar mangas compridas e não acumular água em casa. Em caso de suspeita, procurar atendimento médico e fazer o exame”, aconselha.
Animais – A equipe médica também recomenda cuidados para evitar acidente com animais peçonhentos e os que podem transmitir raiva, como cães e gatos não vacinados e, também, por mamífero silvestre (morcego, macaco e esquilo). “Se a pessoa estiver com a pele ferida e for lambida ou mordida deve procurar o serviço médico imediatamente e tomar a vacina.” O Ambulatório dos Viajantes faz pronto atendimento na pós-viagem para casos de suspeita de malária.
DOE, Executivo I, 09/06/2015, p. I