Nomes de escolas estaduais homenageiam personalidades

Preservar a história e homenagear aqueles que contribuíram de forma positiva para a educação ou com exemplos para o mundo estão entre as missões da rede de ensino estadual. Como forma de valorizar essas personalidades, cada unidade escolar tem o seu patrono – professores, educadores, compositores, poetas, entre outros, que permanecem vivos na memória de todos.

Das 5 mil escolas da rede estadual, 2.587 têm nome de educadores, sendo 1.779 de professores e 805 de professoras. Existe uma escola batizada com o nome do educador Paulo Freire (1921-1997) e duas em homenagem a Anísio Teixeira (1900-1971), educador brasileiro que difundiu os conceitos do movimento da Escola Nova, nas décadas de 1920 e 1930, cujo princípio dava ênfase ao desenvolvimento do intelecto e à capacidade de julgamento, em detrimento da memorização. “Considero importante a escola ter esse nome, pois se trata de um dos pioneiros em educação. Nossa escola está entre as 500 melhores do Brasil”, conta Claudete Pereira Marques, diretora da Escola Estadual Professor Anísio Teixeira, unidade de ensino inaugurada em 1977 e que atende o primeiro ciclo do Ensino Fundamental.

Histórico – Há ainda homenagens aos grandes nomes da história brasileira e mundial. Em todo o Estado, duas unidades de ensino foram batizadas com o nome do poeta Castro Alves (1847-1871); duas receberam o nome do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), autor da obra Sítio do pica-pau amarelo, entre outras.

A música brasileira recebe homenagem em duas escolas, que têm como patrono o maestro e compositor Carlos Gomes (1836-1896). Além disso, mais duas unidades estaduais foram designadas com o nome do médico e educador Caetano de Campos (1844-1891), que também nomeia o prédio onde está localizada a sede da Secretaria da Educação de São Paulo.

Zumbi dos Palmares, Clarice Lispector, Adoniran Barbosa, Sérgio Buarque de Holanda, Cecília Meireles, Mário de Andrade, Vinicius de Moraes, Erico Verissimo, Tarsila do Amaral, Jorge Amado, Anne Frank e Candido Portinari permanecem presentes em nossa memória com seus nomes designando unidades de ensino.

Biografias – Na Escola Estadual Tarsila do Amaral (1886-1973), por exemplo, professores e gestores trabalham atividades que vão desde o conhecimento da vida e das obras da pintora e desenhista brasileira até a criação de vídeos e pintura em telas. “No projeto pedagógico consta a importância de trabalhar a patrona da escola. Então, cada disciplina estuda simultaneamente o tema Tarsila do Amaral, o que resulta em um conhecimento ampliado e diferenciado sobre ela”, explica a professora Isabel Tsui.

A secretaria homenageia igualmente pessoas com títulos em doutorado ou aquelas que têm pronomes de tratamento. Em todo o Estado, são 253 escolas com o nome de doutores, 89 para dons e 69 para donas.

Centenárias– Um levantamento feito pela Secretaria da Educação revelou a existência de 122 escolas centenárias na capital e nas regiões de Campinas, Ribeirão Preto e Vale do Paraíba. São unidades de ensino que fazem parte do patrimônio público e hoje abrigam estudantes que convivem com a arquitetura de décadas passadas e com parte da história dos municípios. Em muitos casos, há até visitação do público.

Entre as unidades de ensino que receberam o restauro de algumas áreas de seus prédios está a EE São Paulo, no Parque D. Pedro, região central da capital. Fundada em 1894, foi a primeira escola do chamado ciclo ginasial do Estado. Nela se formaram líderes políticos, intelectuais, cientistas e empresários.

No espaço foram realizados reparos na quadra, na cobertura, nas redes elétrica e hidráulica (construção de um reservatório elevado e novas redes de esgoto). Houve ainda a reposição de peças, com instalação de ladrilhos na cor, tamanho e textura do piso existente. As portas de madeira foram recuperadas de acordo com seus padrões originais.

Nos últimos quatro anos, a secretaria investiu aproximadamente R$ 40,7 milhões para aprimorar a estrutura dessas escolas. No total, foram concluídas 23 obras de restauro em prédios. Nessas intervenções, os engenheiros da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão executor das obras da secretaria, atuam para recuperar pisos, mobiliários, quadros, rodapés, vitrais e até mosaicos. A mesma equipe cuida do mapeamento para identificar objetos históricos que estão em escolas não tombadas. Mesmo nesses prédios, esses funcionários trabalham para garantir o restauro e promover o resgate da memória dos estabelecimentos.

Símbolo – Inaugurado em 2 de agosto de 1894, o edifício Caetano de Campos foi sede da primeira Escola Normal paulista. O prédio constitui-se num dos mais significativos monumentos republicanos do Estado de São Paulo. Com 225 janelas, 86 metros de largura e 37 metros de profundidade nos pavilhões laterais, foi construído para ser um dos símbolos da educação do Estado.

Originalmente, possuía apenas dois andares até que, no final da década de 1930, ganhou novo pavimento para abrigar a extinta Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (que daria origem à atual Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH). Por esse motivo, o edifício é considerado um dos berços da Universidade de São Paulo (USP).

Histórico – Apesar de sua importância arquitetônica, cultural e política, o prédio quase foi demolido no final dos anos 1970, para a instalação da Linha 3-Vermelha do Metrô, mas foi salvo graças à mobilização de parte da população paulista. Considerado um monumento histórico, foi tombado como bem cultural do Estado e do município de São Paulo pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conprest).

Em 1978, o instituto de educação foi transferido e o prédio passou a abrigar a Secretaria Estadual da Educação. Em 1979, o edifício Caetano de Campos foi reformado e restaurado para abrigar os funcionários da pasta.

DOE, Executivo I, 26/07/2016, p. II