As festividades do 414º aniversário da cidade de São Paulo, em 1968,foram marcadas pela inauguração da nova sede do Legislativo paulista. Após mais de cinco anos de obras, finalmente estava pronto o prédio projetado especificamente para abrigar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Tudo no Palácio 9 de Julho havia sido planejado para harmonizar
com a estrutura arquitetônica do novo prédio, desde o mobiliário até o paisagismo, passando pela escolha do mármore das paredes das entradas e rampas de acesso, aos elementos vazados de alumínio fundido que cercam o edifício.
O presidente da Alesp em 1960, Roberto Costa de Abreu Sodré, foi quem percebeu a necessidade da construção da nova sede do parlamento paulista. É interessante observar que a inauguração da nova sede se deu quando Abreu Sodré havia se tornado governador de São Paulo. Presente na
solenidade de inauguração, Sodré ressaltou: “Como deputado e vosso presidente quis dar ao Legislativo uma sede à altura da sua dignidade de Alto Poder do Estado. Como governador me orgulho vendo concretizada esta
valorização do mais representativo órgão da soberania popular”.
Em homenagem ao idealizador e fundador do prédio, foi colocado o busto de Abreu Sodré no Hall Monumental da Alesp.
Escolha do projeto A escolha do projeto arquitetônico do novo parlamento paulista se deu por meio de concurso público. O anúncio do vencedor
aconteceu na festiva noite de 14 de junho de 1961, no Teatro Cultura Artística, em solenidade que chegou a ser transmitida pela TV. Foram apresentados 46 anteprojetos para a nova sede. O anteprojeto vencedor foi o dos arquitetos Adolpho Rubio Morales e Fábio Kok de Sá Moreira.
A grandiosidade e funcionalidade do projeto foram alguns dos itens que levaram a comissão julgadora a escolher a proposta de Adolpho Morales. Consta na ata da comissão, como motivos para escolha do projeto vencedor: “Da implantação escolhida resultou um conjunto cuja majestade espontânea e o caráter indicam o fim a que se destina o edifício”. Um dos principais locais da Assembleia é o plenário, onde se realizam as discussões e votações. A suntuosidade do plenário se expressa com seus 16 metros de altura previstos por Morales.
A data que dá nome do palácio foi escolhida também para ser o dia do lançamento da pedra fundamental da obra: 9 de julho, em 1962.
Após 5 anos, 6 meses e 23 dias de obras, o Palácio 9 de Julho foi inaugurado no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1968.
Paisagem em 1968 Há 53 anos, a paisagem da cidade era bem distinta da que
estamos acostumados nos dias de hoje. O terreno onde seria construída a sede da Alesp era distante de demais prédios. De acordo com o projeto, “a escolha do terreno considerou um afastamento razoável em relação à
vizinhança de sorte a atender a necessidade de individualizar bem a Assembleia”. Cerceando o terreno de 30 mil metros quadrados, havia um riacho. O terreno era instável por conta de represamento e água provinda de esgoto da região. Na rua Abílio Soares, havia apenas pequenas
edificações. O Ginásio do Ibirapuera já existia. Outra curiosidade: um espelho d’água cercou o Palácio 9 de Julho nos primeiros anos após sua inauguração.
Reformas
Nesses 53 anos de existência, o Palácio 9 de Julho passou por duas grandes reformas.
Em meados dos anos 2000 constatou-se a necessidade da modernização do Plenário Juscelino Kubitschek, principal plenário da Casa, onde são feitas as discussões e votações. No dia 28 de novembro de 2006 o novo plenário foi reinaugurado, com novo mobiliário. O piso de madeira, as
poltronas vermelhas e as grandes paredes em tons prateados foram
substituídos por modernos carpetes e móveis em tons cáqui. A tribuna na qual os deputados se pronunciam ganhou acesso para deficientes físicos. O plenário recebeu também novas instalações elétricas e de informática.
Em 2009, foi construído um prédio anexo ao Palácio 9 de Julho, com novos gabinetes parlamentares. As duas reformas foram concebidas pelo arquiteto Adolpho Morales, detentor dos direitos autorais da obra.
Outros parlamentos
Um grande bloco único caracteriza o edifício da Alesp. Mas nem todos os
parlamentos são assim. O Parlamento Escocês, por exemplo, adotou uma
arquitetura considerada polêmica. A obra consiste num conjunto de edifícios em forma de folhas, com uma ala coberta com herbáceas”, afirma
a arquiteta Raquel M. M. Pereira, em seu artigo “Monumentalidade e sua implantação urbana: Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e
Parlamento Escocês”. O telhado do parlamento escocês se assemelha a uma
obra de arte. Painéis de vidro laminado com formato de folhas permitem a entrada de luz natural no edifício. Assim como o prédio da Alesp, o projeto da sede do Parlamento Escocês, inaugurado em 2004, também foi escolhido por concurso público. A extravagância da obra escocesa foi criticada pela imprensa e pela população.
De qualquer maneira, Pereira afirma que ambas as obras buscaram, cada uma
de sua maneira, a monumentalidade, pois “constituem marcos na paisagem,
que representam o poder e a organização nestas cidades”.
A monumentalidade também foi buscada na sede da Câmara Municipal
paulistana. O Palácio Anchieta, inaugurado oficialmente no dia 7 de setembro de 1969, tem pé direito duplo no hall de entrada e as paredes do plenário são revestidas em mármore.
Segundo o site do Congresso Nacional, Oscar Niemeyer também citou a monumentalidade na escolha do projeto da sede do legislativo. “Especialmente, da intenção de lhe dar o caráter da monumentalidade,
com a simplificação de seus elementos e a adoção de formas puras e geométricas”, afirmou o autor do projeto arquitetônico do Congresso.
Sedes anteriores
Ao longo dos seus 186 anos, foram quatro as sedes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. As três anteriores foram:
– Pátio do Colégio: de 1835 a 1878;
– Largo São Gonçalo, próximo à atual Praça João Mendes: de 1879 a 1937;
– Palácio das Indústrias: de 1947 a 1968.
Nessa época, o nome do edifício era Palácio 9 de Julho. Ao ser transferido para o prédio atual, os deputados mantiveram o nome, referência à Revolução de 1932.
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