Polícia argumenta que o elevado não tem proteção contra eventuais riscos, como rotas de fuga para evasão de todo o público
GABRIELA SÁ PESSOA
DE SÃO PAULO
A organização da Virada Cultural, evento que acontece neste final de semana (20 e 21), em São Paulo, excluiu o Minhocão de sua programação. As 11 atividades marcadas para o elevado Costa e Silva migrarão para locais no entorno do viaduto.
A decisão, acordada entre representantes da Polícia Militar, prefeitura e promotoria de habitação e urbanismo, foi tomada em reunião no Ministério Público nesta quinta (18).
A mudança ocorre dois dias após a PM e o conselho de segurança da subprefeitura da Sé terem protocolado um pedido para que o órgão exigisse, da administração municipal, garantias de segurança, não só no Minhocão, mas em todo o evento.
No caso do elevado, eles argumentam que o viaduto não oferece proteção a eventuais riscos –como rotas de fuga para evasões em massa.
O pedido se baseou em norma da Secretaria da Segurança Pública, que determina que só se forneça “policiamento ostensivo” mediante prévia vistoria das instalações de estádios, ginásios, teatros ou recintos onde serão realizados.
Quando o documento, obtido pela Folha, foi protocolado, a prefeitura ainda não havia apresentado ao Corpo de Bombeiros um plano de segurança contra incêndios para os locais em que serão montadas as estruturas provisórias da Virada Cultural, como palcos e geradores de energia.
Esses documentos foram apresentados nesta quinta (18) pela Secretaria Municipal de Cultura, segundo o secretário Nabil Bonduki e o Ministério Público. A promotoria de habitação e urbanismo não verificou problemas de segurança no restante da Virada –apenas no Minhocão.
“Qualquer problema decorrente [na Virada Cultural] de falhas [na estrutura] é responsabilidade inteiramente dos produtores do evento”, afirmou o coronel Reinaldo Zychan, comandante do policiamento da capital.
O plano de segurança da PM para o evento foi anunciado em entrevista coletiva nesta quinta. Segundo Zychan, serão 54 bases espalhadas pelo centro –número, segundo ele, “muito maior” do que em 2014, embora não tenha detalhado quanto.
Ele também não revelou o número de policiais que fará a segurança da Virada. A prefeitura, porém, informou, na sexta (12), que 2.000 agentes da Guarda Civil Metropolitana estarão nas ruas durante o evento –200 a mais do que em 2014.
TRANSFORMAÇÃO
Curador da Virada responsável pelo Minhocão, o artista Felipe Morozini disse à Folha que a decisão “só mostra a necessidade de transformação da cidade”. Em seu perfil no Facebook, ele esclareceu que as atividades paralelas da Virada previstas para o elevado não serão proibidas, como projeções de imagens na via.
Atrações como o Mercado Mundo Mix e o Karaokê na Praça serão realizadas no viaduto Santa Ifigênia e no largo Santa Cecília, respectivamente. Vinte e quatro food trucks foram realocados para a rua Mauá, também no centro.
Folha de S. Paulo