Vice-presidente do BB será novo braço direito de Mantega na Fazenda
Paulo Caffarelli assumirá nos próximos dias a secretaria executiva da pasta; pesou na escolha seu bom trânsito no mercado e o fato de ter tido atuação importante nos leilões de infraestrutura

Murilo Rodrigues Alves e Andreza Matais, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA – O vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli, ocupará a segunda posição na hierarquia do Ministério da Fazenda, após convite feito pelo ministro Guido Mantega, aceito pelo executivo. O posto era ocupado desde o ano passado interinamente por Dyogo Oliveira, após a saída do economista Nelson Barbosa, em junho de 2013.

O Estado apurou que pesou na escolha de Mantega o bom relacionamento de Caffarelli com grandes empresas, investidores internacionais e de ter liderado, como vice-presidente do BB, cuidado do acerto financeiro para viabilizar consórcios que disputam leilões de infraestrutura. Mantega e Caffarelli se aproximaram devido as atribuições do executivo do banco que o fazem despachar com o ministro constantemente.

Em 2010, Caffarelli chegou a ser cotado para assumir a presidência da Previ, o bilionário fundo de pensão dos funcionários do BB, mas sua nomeação foi minada após um dossiê elaborado pelo PT o associar a atividades de lobby de Marina Mantega, filha do ministro. Caffarelli confirmou, na época, três reuniões com a filha do ministro. Mas afirmou que nenhum pedido dela foi levado adiante.

Graduado em Direito, com Pós-Graduação em Comércio Exterior, Direito no Comércio Internacional, Finanças e Direito Societário e Mestrado em Economia pela Universidade de Brasília. Iniciou sua carreira no BB como menor aprendiz, exerceu cargo de gerente executivo na Diretoria de Distribuição, Diretor de Logística, Diretor de Marketing e Comunicação. Ocupou o cargo de Diretor de Novos Negócios de Varejo. Foi Vice-Presidente de Negócios de Varejo.

O presidente do BB, Ademir Bendine, deve definir somente hoje o nome para o substituto de Caffarelli na vice-presidência. A escolha, deve seguir a tradição interna da instituição, e recair sobre um nome de carreira do banco, longe de indicações de partidos políticos.

Atuação. Nas últimas semanas, Dyogo Oliveira passou a ocupar espaço de destaque na equipe econômica, conversando com economistas e investidores sobre a política fiscal. Formado pela Universidade de Brasília e funcionário de carreira do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Oliveira conseguiu se blindar contra as críticas de criatividade contábil adotadas pelo Tesouro Nacional para fechar as contas e alcançar a economia para pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário.

Ao defender que, em 2014, o governo seria mais responsável na seara fiscal, Oliveira se apresentava como uma nova cara da equipe econômica, ao mesmo tempo em que escanteava o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Muito próximo da presidente Dilma Rousseff, Augustin ficou chamuscado pelo que ele mesmo chamou de “ataque especulativo”: as críticas do mercado sobre a contabilidade pública./COLABOROU RENATA VERÍSSIMO.